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BAÚ - F.A.Q Psychobilly

TORMENT & DEMENTED ARE GO! backstage at The Klub Foot 1986.
Torment & Demented Are Go no backstage do Klub Foot em 1986

Mais um arquivo encontrado no fundo do baú para animar as tardes de segunda no Psychobilly Brasil. O texto é atribuído ao Gus Tomb, ex baixista d'Os Catalépticos, e foi publicado no site Zumbis da Skina em meados de 2003 e 2005. Nada mais é do que um F.A.Q (Frequently Asked Questions ou Perguntas Mais Frequentes) sobre o Psychobilly, resgatando um pouco desta memória do Psychobilly nacional.

F.A.Q Psychobilly 

Por Gus Tomb 

1. Mas que porra é essa de psychobilly ?
No início dos anos 80, no auge do movimento punk na Inglaterra, a cena undergroud tomou vários rumos distintos e foram criados muitos sub-estilos na cola do punk. Um deles foi o psychobilly. Sem muita complicação, psychobilly é um estilo musical que mistura punk e rockabilly e tornou-se muito mais do que apenas um movimento musical. Criou-se em torno deste novo estilo de música toda uma cultura que preserva um lado extremamente doentio em sua postura, buscando para sua inspiração temas de terror, sexo, violência, bebedeira e mais tudo o que for escatológico e tenebroso. Pode-se acrescentar a tudo isso muito filme de horror B e histórias em quadrinhos. Isso é psychobilly!

Os Catalépticos
Os Catalépticos

2. Qual é a diferença entre psychobilly e rockabilly ?
Tem muita gente que coloca o rockabilly e psychobilly no mesmo saco. Mas não é bem assim. É importante deixar uma coisa bem clara: o rockabilly é o rock em sua forma mais clássica. O psychobilly é seu filho bastardo. O rockabilly tenta preservar a pureza de uma guitarra limpa, o psycho pouco se importa com isso, e se a música permitir muita distorção é assim que vai ser. O rockabilly é nostálgico, curte o ambiente o som o clima dos anos 50. O psycho é atual. Pega toda a neurose que existe hoje e transforma tudo isso tanto em visual como em música. Nesse ponto cabe uma pequena explicação: esta "neurose" que o psychobilly trata não diz respeito com a realidade, problemas sócio-econômicos, etc... ela é direcionada sempre ao irreal, escatológico, bizarro. O psychobilly é o bizarro. O que de fato importa é que o psycho nasceu tendo o rockabilly como base, mas tudo isso muito distorcido por uma linguagem atual e caótica.

3. Como é que eu posso identificar um psycho na rua ?
Primeiro dê uma olhada na cabeça do sujeito. As laterais e a parte de trás da cabeça possivelmente estarão raspadas, e só no cocuruto haverá um topete normalmente armado com muito spray. A jaqueta de couro é importante. Colete jeans, com patches e bottons de bandas preferidas. Camisetas de banda, ou camisa xadrez com mangas cortadas fazem parte do visual. Muita tattoo também. Caveiras, contra-baixos, pin-ups, desenhos clássicos, monstros e demônios. Calça jeans azul clássica ou preta. Nos pés creepers (sapatos grandes com solas grossas e peles de zebra, onça, etc...), ou coturnos. Tudo isso de preferência velho e batido. O psychobilly é uma cena de rua e tudo isso nada mais é do que roupa barata para a guerra.

4. Mas então o visual de um psychobilly é igual ao de um punk ?
É semelhante, mas tem algumas diferenças fundamentais. Primeiro: você não verá psycho algum com mensagens políticas escritas na roupa. Raramente aparece algum com moicano. O desalinho do punk também não faz parte da estética do psychobilly. É muito importante para um psycho estar bem colocado com sua parafernália. O topete deve estar perfeito. Todo o resto também. Essa é uma grande diferença. Ao contrário de um punk, um psycho não tem nenhum interesse em contestar nada, e quer mais é fazer um visual legal para poder ir curtir a balada.

5. E o som ?
Há um universo muito vasto no som psychobilly principalmente por ele se iniciar como um movimento, em essência, musical. Hoje a cena conta com mais de vinte anos e muita coisa foi criada neste tempo todo. Por isso, hoje se pode dizer que houve um momento clássico, com bandas mais sossegadas que até mesmo soaram semelhantes a bandas neo-rockabilly e hoje existem bandas que tem em sua influência muito do metal ou hard-core. Mas tudo é psychobilly. Outra discussão bem interessante existe sobre quem seria a primeira banda psycho. Nos Estados Unidos dizem que foi o The Cramps, na Europa, The Meteors. Isso não importa muito. O que importa nisso é que dessas duas bandas que formaram toda a base de inspiração para todas as bandas que surgiram posteriormente, dois estilos bem definidos foram traçados: o estilo americano e o europeu. No americano tem muito do rockabilly da raiz, freqüentemente com baixo elétrico. No Europeu um psycho com mais identidade própria como estilo independente e contra-baixo acústico quase sempre. Muito baixo de pau e um formato muitas vezes mais punk. Diversas faces existem hoje a partir disso. Como hoje não se faz mais somente psycho na Europa e nos Estados Unidos, cada região do mundo apresenta seu estilo, e mesmo nestas regiões há o psycho clássico, o porrada, o gótico, o metal. Tem psycho para todo o tipo.

6. Por que a grande maioria das banda usa contrabaixo ?
O contra-baixo acústico (baixo-de-pau, rabecão, etc...) é um ícone do psychobilly. Uma marca bem característica e diferencial. De longe ao ver uma foto de uma banda tocando, se rolar um baixão você já vai saber que alguma coisa tem. Este também foi um ícone herdado do rockabilly, mas uma característica também antiga, mas menos usada no rockabilly com relação ao baixo de pau, foi potencializada no psycho: o slap. O slap nada mais é do que o estralo que se ouve junto às notas do baixo. Você pode perceber com mais facilidade prestando atenção na forma de tocar do contra-baixista do psychobilly, que toca batendo e puxando as cordas do instrumento, causando assim esse estralo (o slap) que é usado até mesmo como forma de percussão no ritmo da música. Depois que você se acostuma com o som do slap na música, todas as vezes que você ouvir uma boa banda, mas com baixo elétrico, vai parecer que está faltando alguma coisa...

7. E o topete ?
Esse é o ícone maior do psycho. Raspado nos lados e atrás, o topete é cultivado em cima da cabeça, cortando curto na parte de trás e deixando crescer na frente. Pode ser colorido e ao armá-lo o psycho irá tentar deixa-lo pontudo como um bico de navio. Mas essa não é a regra geral. Alguns topetes imensos, semelhantes a topetes rockabillies, mas desproporcionais no tamanho são bastante psycho também.

8. Existe alguma ideologia ou posição política no psychobilly ?
Só a doutrina da breja gelada. Nada mais. Esqueça a política ! E se você tiver sua própria posição não traga nunca para um show ou para a cena. Isso não importa para o psycho. O que rola é a diversão, a mulherada, o som, a cerveja. Muitas vezes a cena psychobilly abriga pessoas de outras cenas, que vem ao psycho, justamente porque no psycho é improvável que você venha a morrer porque você é ou não isso ou aquilo. Esse tipo de postura não existe. O negócio é basicamente cerveja e diversão.

Klingonz
Klingonz


9. É possível citar algumas das principais bandas psychobilly ?
The Cramps (EUA), The Meteors (UK), Demented are Go ! (UK), Batmobile (Holanda), Guana Batz (UK), The Quakes (EUA), Frantic Flintstones (UK), Mad Sin (Alemanha), Nekromantix (Dinamarca), Klingonz (UK), e muitas outras. mas esse já seria um bom começo.

10. Se eu quisesse comprar 10 discos pra me interar, quais seriam?

Essa não é uma ordem de preferência:

Mad Sin - God Save the Sin (porrada clássico)
Nekromantix - Brough Back to Life (porrada clássico)
Godless Wicked Creeps - Hellcoolic (porrada clássico)
Demented are Go - Tangenital Madness (essencial)
The Meteors - In Heaven (clássico essencial)
The Cramps - qualquer um (clássico clássico)
Frantic Flintstones - The Nightmare Continues (malvado clássico)
Kães Vadius - Delirium Tremens (clássico nacional)
Os Catalépticos - Zombification (porrada nacional)
Banane Metalic - Requien de la Depravación (porrada porrada)

Mas uma boa dica é partir para coletâneas. É muito normal encontrar cds com dezenas de bandas de todo o mundo reunidas e ali você pode ter uma boa idéia das melhores para o seu gosto.

Coletâneas clássicas :

Stoping at the Klub Foot (vários volumes muita coisa ao vivo dos anos 80)
Psycho Attack Over Europe (vários volumes, seleção de primeira dos anos 90)
Rumble Party (vários volumes, seleção de bandas participantes do Big Rumble europeu)
It Came From Hell (vários volumes, trás o melhor do psycho moderno)
Revel Without a Cause (coletânea dupla com o melhor do psycho moderno)
Devil Party (LP coletânea nacional clássica com as melhores dos anos 90)
O Monstro Compilation (coletânea nacional com psycho moderno)

11. Aonde existem as principais cenas psychobilly ? 
A Europa ainda tem as maiores cenas. A Inglaterra já foi o melhor local e núcleo de bandas boas, hoje a Alemanha está mudando isso e se tornando o maior foco, com grandes festivais, bons selos e bandas. Mas por toda a Europa a cena é boa. Os Estados Unidos tem sua cena a parte. Muitas bandas e novos lançamentos. O maior festival do mundo, o Big Rumble, mudou da Inglaterra para NY. Mas por todo mundo a cena está consolidada, inclusive no Japão, Rússia, Escandinávia e até aqui no Brasil !

12. E no Brasil, isso é recente ?
Não. A cena é quase tão antiga quanto lá fora. Os legendários Kães Vadius começaram toda a cena local lá pelo meio dos anos 80, cena esta que teve alguns momentos bem característicos. Os Kães foram a primeira banda. E na cola deles a cena foi forte no final dos anos oitenta principalmente em São Caetano e São Paulo, com bandas como Kães, K-Billy's e S.A.R., e em Curitiba, neste mesmo período rolou uma grande safra de boas bandas como Os Missionários, Os Escroques, Os Cervejas, Estúpido Estupro, Playmobillys. No Rio de Janeiro a Big Trep segurava a cena. A coisa estava tão forte que em 1990 o Guana Batz veio ao Brasil. Durante os anos noventa a cena esfriou um pouco, e se manteve graças a bandas como Ovos Presley e Krápulas em Curitba, Mongolords no interior de São Paulo, Maniac Rockers em Londrina, Baratas Tontas em Belo Horizonte. No final dos anos noventa surgiram Os Catalépticos e a partir daí o psycho brasileiro passou a ser conhecido no exterior e novas bandas foram aparecendo. Hoje é possível dizer que a cena brasileira está mais forte do que nunca.

13. Existem muitas bandas no Brasil ?
A cada edição de um novo festival, bandas novas aparecem. Por cima, hoje no Brasil existem cerca de 15 bandas psychobilly, nas mais variadas formas. Em atividade hoje: Dead Billys (Salvador), Big Trep (Rio de Janeiro), Skizoyds (Santa Izabel), Kães Vadius (São Caetano), Os Catalépticos (Curitiba), Ovos Presley (Curitiba), Limbonautas (Curitiba), Brown Vampire Cats (Londrina), Straight to Hell (Londrina), ...

14. E na cena mundial, aonde eu posso conseguir mais informações ?
Pela internet existem duas páginas essenciais para o psychobilly. A Psychobilly-net, feita na Alemanha pelo Mad Man, e a Wrecking Pit, feita na Holanda pelo Roy der Matt.
Nestas duas páginas você encontrará milhares de links para as principais páginas de bandas e tudo mais o que for relacionado ao psycho.

15. E aonde eu posso achar mais material, como cds, camisetas, etc?
É muito fácil comprar Cds e camisetas pela internet. O problema hoje é o preço do Cd gringo, que com o dólar alto e mais a extorsiva alíquota do imposto de importação (60%), está cada vez mais difícil de comprar. De qualquer forma a gente recomenda pela seriedade de entrega e profissionalismo a página da Nervous Records na Inglaterra. Os caras são sérios e até agora pelo menos nunca deu roubada.
No Brasil também existem boas opções, como o Bufunfa, e a Desgracera Records. Uma boa dica: vá nos shows. Em todos eles sem exceção haverá uma barraquinha com alguém vendendo material. Essa é a melhor maneira de comprar bem e barato. De qualquer forma vale a pena visitar estes sites.

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